Por Bruno Faria
Ei, professor… Você está DEMITIDO!
Vou tentar ao máximo não chover no molhado com esse post. É um assunto repetitivo, que você com certeza já ouviu nos Donos da Bola, com o “Craque Neto” em debates na televisão ou no rádio, mas quando surge a pauta “demissão de algum treinador” eu fico um pouco incomodado. Não estou aqui dizendo que os clubes deveriam se espelhar no Manchester United com Alex Ferguson, muito menos que os treinadores estão acima da crítica. Mas por que eles são sempre as primeiras vítimas?
O caso mais emblemático dos últimos dias é o Corinthians, com Tite. Parei para pensar, e não consigo me lembrar de outro treinador que tenha obtido tanto sucesso em um clube em tão pouco tempo quanto o Águia de área dos PampasAdenor. Sério mesmo que ventilam a possibilidade de demissão? Campeão de tudo que disputou: Brasileiro, Libertadores, Mundial, Paulista e Recopa. Nunca antes na história desse time um cara extraiu tanto de seus jogadores.
O tempo passou e o time começou a ficar manjado. Some-se a isso a saída do melhor volante brasileiro em atividade, as lesões de seus substitutos e contratações de Maldonado e Ibson, que estão longe da unanimidade. Diz aí, qual é a culpa do Tite? O ataque não faz gols, mas Guerrero perde pênalti, Pato “40 milhas” não convence ninguém além do Felipão, Sheik “bitoquinha” fura bolas incríveis em baixo da trave e o Romarinho… Bom, o Romarinho é o Romarinho.
E olha que eu sempre fui contra esse “endeusamento” que a mídia dá ao gaúcho. Na verdade, eu credito aos treinadores de 25 a 30% da responsabilidade pelo rendimento de suas equipes. O resto é com os caras dentro de campo. E parece óbvio que o problema do Corinthians é esse, uma vez que os jogadores são praticamente os mesmos e a filosofia de jogo também. Tanto é, que mesmo após a cacetada da Lusa, o Timão continua com a melhor defesa do Campeonato, com apenas 17 gols sofridos.
Você sabe trabalhar sob pressão?
Essa cultura de demitir treinadores a cada sequência de maus resultados beneficia apenas aqueles que fazem corpo mole para derrubá-los. Claro que devemos discutir o trabalho dos treinadores. Mas ameaçá-los dessa forma só diminui as chances de reação. Uma vez, ouvi uma história (não lembro de quem), na qual a pessoa estava em uma entrevista de emprego e a perguntaram se ela sabia trabalhar sob pressão. A resposta veio na hora: Não, mas por que você pressiona seus funcionários?
Se os técnicos tivessem mais tranquilidade para trabalhar, os jogadores se esforçariam mais e, provavelmente, parariam com esse “mimimi” habitual. Alex, craque do Coritiba, disse recentemente que Marquinhos Santos foi um dos treinadores que ele mais gostou de trabalhar. Isso quando o mesmo tinha tempo para trabalhar. E se pararmos pra pensar, é verdade. O cara joga no domingo, segunda tem folga, terça tem conversa e recuperação física, mas na quarta já tem jogo de novo. Recentemente, Marquinhos Santos foi demitido, mas e o cara que faz o calendário? E o cara que aceita colocar sua equipe no mesmo? A bomba sempre estoura no colo de quem, historicamente, culpamos por tudo.
Eu já disse aqui que sou grande fã de Muricy Ramalho, mas disse também que não demitiria Paulo Autuori. Sempre que teve tempo para trabalhar, o time respondeu dentro de campo. No entanto, ele assumiu o time com uma excursão completamente equivocada, que gerou uma maratona de jogos desumana. Ele foi o menos culpado, e acabou pagando a conta de quem prejudicou a equipe com um planejamento absurdamente equivocado.
Mano Menezes arregou em 4 meses de Flamengo
Recentemente, Mano Menezes pediu pra sair do Flamengo. Não suportou a pressão. O treinador, que até outro dia gabava-se por nunca ter sido demitido, não gostou da sensação ao ser chutado pela CBF e antecipou-se no Flamengo, pegando seu boné, antes que o chutassem de lá também. Jorginho, que era uma porcaria no Flamengo, hoje faz boa campanha de recuperação na Ponte Preta (ignorem o resultado de ontem). Guto Ferreira, que não servia mais para a Ponte Preta, hoje faz trabalho brilhante na Portuguesa. Espero que o Corinthians mantenha sua postura de quando segurou Tite no “Tolimazzo” de anos atrás. O futebol ganha com isso.
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